Por: Carlos Magno
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Um paralelo entre um dos princípios do Lean Thinking com o uso de nosso tempo na vida pessoal
O alto uso das redes sociais pela maioria das pessoas é fato irreversível. A vontade de compartilhar fotos, vídeos, textos de 140 caracteres ou mais, locais interessantes para visitar, ou quaisquer outros interesses que a convivência digital pode oferecer, estão tomando horas e horas de toda uma rede de aficionados por interatividade.
Como tudo na vida, há o lado bom e o lado ruim desse mar de conhecimento, seja ele útil ou nem tanto. A princípio, não vale à pena entrar nesse mérito. Afinal, o que pode ser bom para uns, pode ser péssimo para outros. O que devemos observar é a questão: qual o fluxo de valor que cada um de nós consegue nas redes sociais?
Não importa se gastamos nosso tempo no facebook, por exemplo, vendo fotos de amigos ou acompanhando a polêmica do momento. O importante é saber se o custo do tempo gasto possui um retorno proporcional. Alguns radicais afirmam que "todas as pessoas" deveriam ler livros sobre história antiga (exemplo) em vez de ficar no Facebook. Contudo, qual o valor que a história antiga poderia trazer para "todas as pessoas"? Se você ou eu não trabalhamos dando aula de história, quais benefícios teríamos se gastássemos horas a fio lendo sobre esse tema?
Seguindo o exemplo acima, não podemos negar que a leitura eleva o conhecimento. Particularmente, eu não deixaria de ler sobre história, isso faz parte da minha constante evolução cultural. Entretanto, confessemos que ler demais sobre uma área que não tem relação com a nossa habilidade produtiva pode simplesmente se configurar como perda de tempo.
Dito isso, fica claro que se quisermos buscar alto fluxo de valor, devemos monitorar bem o nosso tempo, inclusive nas redes sociais. Por fluxo de valor, conforme um dos princípios do Lean Thinking, entendemos como o ato de classificar processos em três tipos:
- Aqueles processos que efetivamente geram valor;
- Aqueles que não geram valor, mas são importantes para manutenção dos demais processos e da qualidade;
- Aqueles que não agregam valor e devem ser eliminados o quanto antes
Trazendo esse princípio para nossa vida e nossos projetos pessoais, podemos fazer as associações com a forma que lidamos com nosso tempo e então avaliar o fluxo de valor do uso do nosso tempo e da execução de cada tarefa que fazemos.
Processos que efetivamente geram valor
Quanto tempo nós gastamos lendo, assistindo vídeos ou conversando sobre assuntos relacionados à nossa área profissional? Digamos que você seja um arquiteto, quantos sites sobre arquitetura você visita? Quantos canais sobre o assunto você assina no youtube e quantos você efetivamente acompanha? Você tem participado ativamente de grupos e fóruns sobre a área?
Processos que não geram valor (em relação ao conhecimento profissional), mas são importantes para manutenção dos demais processos e da qualidade
Na nossa vida, podemos comparar tais processos com tudo aquilo que nos mantém com o corpo e mente saudáveis. Passear com a família, encontrar os amigos (e não apenas conversar pelo aplicativo de mensagens instantâneas), praticar esportes etc. Para que suas tarefas de valor agregado sejam concluídas com excelência, é necessário que você esteja bem.
Processos que não agregam valor e devem ser eliminados o quanto antes
Será que vale mesmo à pena gastar horas e horas discutindo sobre política nas redes sociais, por exemplo? Por mais que tenhamos que ser pessoas engajadas e que exercem a cidadania, é preciso rever os conceitos. De que adianta se sentir politicamente útil porque vive postando críticas ou apoio a esse ou aquele partido, sendo que no final das contas você não mudou o país e ainda ficou estressado?
Um outro exemplo é a falta de valor agregado que existe quando uma pessoa perde tempo discutindo assuntos irrelevantes ou dando atenção para conteúdos (seja na TV ou na Internet) que realmente não servem para nada.
Finalmente, sabemos que o limiar entre lazer e inutilidade pode ser muito pequeno. Tem pessoas que gostam de assistir, de vez em quando, algum programa "idiota, porém engraçado". Claro que isso não é “o” problema.
O que devemos levar em consideração é a proporção horas úteis/horas inúteis. Isto é, quantas horas foram usadas com tarefas ou estudos, para cada hora gasta com inutilidades. Estudamos determinado assunto durante 20 horas por semana e passamos 2 horas navegando a toa na internet? Sendo assim, normal, afinal não somos robôs. Porém, se o nosso equilíbrio de tempo é o inverso, é preciso avaliar se não está no momento de termos mais atenção com o fluxo de valor em nossas vidas.
Data da publicação:
19/04/2015
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Carlos Magno
Itaú Unibanco
Magno tem 20 anos de experiência em TI, iniciou a carreira como Desenvolvedor Java, passou por papéis de Analista de Requisitos, gerente de projetos e hoje atua em projetos de TI para soluções de investimentos pessoa física em um grande banco brasileiro. Magno não sabe cozinhar, mas já fez curso de tornearia mecânica no Senai aos 16 anos e é envolvido com mercado de renda variável há 10 anos.