Tabela 1 – Atividades para o produto 1
                        | 3. Analisando as atividades de maior “lead time” | 
         | Representando os processos macros e seus “lead  times” em ordem decrescente, observamos que a etapa 8 (Gerar desenhos  detalhados) e 4 (Gerar desenhos para aprovação) representam quase 60% do “lead  time” total.              Se analisarmos com mais detalhe as atividades de geração de desenhos, notamos que a quantidade de desenhos reutilizados, ou seja, aproveitando-se arquivos de projetos anteriores e aqueles feitos completamente do zero, é muito menor.   Perguntamos então por que há necessidade de  geração de tantos desenhos novos, por que a taxa de reutilização de desenhos é  baixa e se não seria possível reduzir este esforço que consome tanto tempo e  recursos sem prejudicar a qualidade do desenvolvimento. Quase sempre se chega à  conclusão de que a falta de padronização em certas especificações técnicas leva  os projetistas a realizarem um novo desenho a cada novo produto desenhado. |   Gráfico 2 – Desenhos  novos x reutilizados | 
     
                4. Plano para padronização
         Deste modo, julgamos necessário um esforço  para aumentar a padronização de forma a aumentar a taxa de reutilização de desenhos e, com isso, reduzir o “lead time” total.    Para isto, é importante obter o apoio dos  projetistas mais experientes para realizar um plano na padronização das especificações técnicas como, por exemplo, dimensões de cotas, tolerâncias e  definir quais itens serão padronizados. A figura 1 representa uma peça modelo  com suas cotas A, B, C, D, E, F e G.    Em seguida, procuramos criar tabelas de cotas  com dimensões padrões (tabela 2) para os diversos componentes possíveis,  baseados em estudos utilizando ferramentas como diagramas de relações entre estas  cotas (gráfico 3). 
                       |   Figura 1 – Peça modelo |   Tabela 2 – Tabela de dimensões padrões | 
              | Com isto, pode-se gerar um banco de dados  dos modelos em CAD com dimensões padrões. A figura 2 representa os desenhos padrões  em CAD à disposição, sem precisar redesenhá-los. O objetivo é não desenhar o  componente a cada novo produto, mas sim, copiar e colar aproveitando estes  modelos padrões, reduzindo-se assim, o lead time na execução dos novos  desenhos. Quanto mais padrões possuir, menos tempo será a etapa de gerar  desenhos para a aprovação ou a execução de desenhos detalhados. Auxiliará  também na fase da manufatura inclusive em termos de setup de máquinas, pois  diminuem os tempos para ajustes desnecessários a cada novo produto.
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   Gráfico 3 – Diagrama de relações entre cotas | 
              | No caso de indústrias químicas, alimentícias e as demais que não utilizam desenhos detalhados para a fabricação  dos produtos, pode não caber a  padronização de medidas, mas sim padronizar  especificações e informações técnicas sobre formulações, embalagens entre outras.
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   Figura 2 – Modelos padrões em CAD | 
          
                5. Outros tipos de padronizações
        O motivo da ocorrência de longos “lead  times” é a existência de desperdícios nas atividades do processo de  desenvolvimento. Um dos desperdícios mais comuns é o tempo gasto para buscar  informações, principalmente especificações técnicas em falta, enviados pelo  departamento de Vendas após a negociação com o cliente. Muitos retrabalhos  acontecem quando os projetistas seguem o projeto com especificações  pressupostas devido à falta delas.        Outro desperdício freqüente é o retrabalho  gerado quando os desenhos chegam à produção com especificações que não são compatíveis para a manufatura. Isto acontece devido à aceitação por parte de vendas de pedidos com especificações personalizadas dos clientes, sem consultar  o departamento de desenvolvimento e manufatura sobre suas implicações no  desenvolvimento do produto.         Para eliminar estes retrabalhos e perdas de tempos, deve-se melhorar ou criar formulários para requisição de pedidos, padronizando certos campos. Prepare um manual para o pessoal de vendas com as especificações pré-estabelecidas dos produtos com padronizações já  incorporadas. Realize treinamentos e reuniões entre o pessoal de desenvolvimento e vendas para explicação destas padronizações.        Muitos podem argumentar que os retrabalhos, ou as mudanças de especificações durante o projeto são atividades que agregam  valor, pois o esforço é feito, em muitos casos, para melhorar o desempenho do  produto final. Entretanto, estas ações causam diversos tipos de desperdícios  tanto para a empresa como para seus fornecedores. Por exemplo, geram:
        1. Materiais que não são mais utilizados;
        2. Componentes que se tornam obsoletos;
        3. Substituição dos ferramentais para atender as novas especificações do  produto;
        4. Esperas pelas emissões de novos pedidos de itens;
        5. Esperas pelas novas entregas;
        6. Remontagens do novo componente ou produto;
        7. Reinspeções;
        6. Mensurando e acompanhando o “lead time”
        Só conseguimos melhorar algo quando podemos  mensurá-lo. Um dos indicadores importantes a ser mensurado é o Acompanhamento dos Prazos, dado pela relação:
        Lead time alvo de projeto
            Lead time atual de projeto
        Isto porque na fábrica, uma linha de  produção inteira pode parar por necessidade de um único desenho faltando. Se  este valor for igual a “1”, o andamento do projeto está em dia. Para valor  menor que “1”, significa que o projeto está atrasado e valor maior que “1”,  adiantado. 
        7. Conclusão
        A padronização das especificações de  componentes no processo de desenvolvimento é um dos elementos mais importantes  para a redução do “lead time”. Serve para eliminar os ruídos e desperdícios gerados durante o desenvolvimento de produtos.
        Os passos apresentados neste artigo podem  ser úteis para enxergar e expor os desperdícios, atacar a causa raiz podendo  beneficiar tanto o processo de desenvolvimento do produto, reduzindo o lead time  do desenvolvimento, e como conseqüência os custos totais. Estas práticas podem  ser consideradas como um passo básico para muitas empresas, semelhante à  estabilidade básica (5S, melhoria da disponibilidade de máquinas etc) que são  necessárias no início de uma transformação lean na manufatura. 
              Uma abordagem mais ampla, consideraria a utilização do mapeamento de fluxo de valor nos processos de desenvolvimento do produto, elementos do sistema lean de desenvolvimento, como por exemplo, a engenharia simultânea com múltiplas alternativas (set-based concurrent engineering), liderança de projetistas de sistemas com espírito empreendedor, planejamento descentralizado com cadência e fluxo puxado, interações freqüentes entre as equipes de especialistas responsáveis em que o foco é a criação de um fluxo de valor lucrativo e conhecimento reutilizável que atenda às necessidades dos clientes.   
       Bibliografia       
       * Para maior aprofundamento em como desenhar  o mapa do fluxo de valor para desenvolvimento de produtos, vide        
Liker,  J. K. e Morgan, J. M. The Toyota Product Development System: Integrating  People, Process And Technology, Productivity Press, 2006.       
- Kennedy, M. N. Product Development for the Lean Enterprise, Oaklea Press,  2003.       
- Marchwinksy, C e Shook, J (cords). Léxico Lean. Lean Institute Brasil, 2003.       
- Sekine, K., Arai, K. Design Team Revolution, Productivity Press, 1994.       
- Ward, A. C. The Lean Development Skill Book. Ward Syntesis, 2002.       
  Fonte: Lean Institute Brasil
  Uma pergunta ao leitor: Quais são as formas de padronização que podem ser utilizadas em TI?
      
                                                    
                                                    
                                                    
Data da publicação:  24/04/2007 
                                                    
                                                    
                                                    
                                                    
                                                    
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                                                         Lando T. Nishida Lando T. Nishida   Lean Institute Brasil
                                                                
Engenheiro Mecânico pela Politécnica da USP, tem participado na difusão e implementação lean em diversas 
empresas no Brasil como gerente de projetos do Lean Institute Brasil. Desde 2008, tem se dedicado à implementação 
lean em diversos países da Europa e Ásia como gerente de projetos e senior advisor do Institut Lean France. 
Além de sócio diretor da empresa 
PM&Lean, é também membro fundador e vice-presidente do Lean Academy Portugal. Lean Institute Brasil
                                                                
Engenheiro Mecânico pela Politécnica da USP, tem participado na difusão e implementação lean em diversas 
empresas no Brasil como gerente de projetos do Lean Institute Brasil. Desde 2008, tem se dedicado à implementação 
lean em diversos países da Europa e Ásia como gerente de projetos e senior advisor do Institut Lean France. 
Além de sócio diretor da empresa 
PM&Lean, é também membro fundador e vice-presidente do Lean Academy Portugal.